Irmãos, o bom desejo do meu coração e
a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de
que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a
justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se
sujeitaram à justiça de Deus.
Romanos 10:1-3
Neste texto o Apóstolo Paulo declara
seu desejo de que seus irmãos judeus chegassem ao conhecimento da salvação, que
é Cristo. Embora estivessem sem Cristo, pois estavam sem salvação, o apóstolo nos
afirma que os israelitas tinham zelo por Deus. Isto quer dizer que tais homens
e mulheres eram extremamente cuidadosos em cumprir seus ritos e, em
muitos casos, devotados à sua religião. Evidentemente, por cumprir tais
obrigações, sentiam-se devotados ao próprio Deus e sentiam-se confortáveis,
pois pensavam agradá-lo. Todavia, afirma Paulo, o zelo dos israelitas não
provinha do conhecimento, ou do entendimento. Literalmente, não era “de acordo
com o conhecimento” (segundo as traduções King James e NVI e o texto original).
O peso do ensinamento que este verso
apenas nos fornece deve ser causa de reflexão para todo cristão genuíno. O
apóstolo está dizendo, entre outras palavras, que existe uma maneira correta de
adorar a Deus, uma piedade bem definida. E, pelo uso da palavra conhecimento
(ou entendimento), do grego epignosis,
percebemos que esta verdade pode e deve ser conhecida. O próprio Deus
estabeleceu em Seu livro a maneira pela qual todo cristão deve levar sua vida,
a doutrina correta, bem como a maneira como a Igreja deve conduzir sua adoração
pública e todos os demais procedimentos em que se envolve. Este conhecimento
revelado nas Escrituras é a gnosis
divina e ele somente é que produz verdadeira religião, ou verdadeira piedade.
Paulo continua seu argumento
afirmando que eles, embora zelosos, não conheciam a justiça de Deus, termo que
implica “todas as coisas que agradam ao Senhor”. Os judeus eram ignorantes daquilo
que realmente era a vontade ou o ensino de Cristo. Deste modo, implica o
apóstolo, sua tentativa de agradá-lo era vã e inútil. O versículo pode ser lido
como “porquanto, sendo ignorantes quanto a forma correta de proceder com
relação às coisas de Deus, e procurando estabelecer sua própria maneira de
agir, não se submeteram àquela que Deus havia revelado”.
Este texto tem ampla aplicabilidade
em nossos dias. Vivemos em uma época onde os crentes pensam poder agir como lhe
convém no culto. Transformaram o culto num show de entretenimento. Fazem nele o
que lhes vier a mente, sem qualquer preocupação: “Deus aceita isto em seu culto”?
O conteúdo dos sermões é o que melhor agrada ao público. Poucos pregadores são
humildes o suficiente para dizerem a si mesmos “é isso mesmo que Deus quer
ensinar?” ou “tem sido este o ensino da Igreja através dos séculos?”. Quando
uma forma nova de fazer igreja surge, muitos sedentos por crescimento correm
para ela, tendo-a como a nova visão do momento, a vontade de Deus para sua
Igreja. Mas sequer têm o trabalho de humildemente checar a gnosis divina, as Santas Escrituras, para ver se as coisas são
mesmo assim. Muitos destes são crentes zelosos, que “amam” ao Senhor. Digo
assim, pois amor a Deus sem obediência a seus mandamentos é mera ilusão.
O ensino que o Espírito nos dá
através do texto em análise é claro: submeta sua religião ao crivo das
Escrituras. Seja na esfera pessoal, de conduta, seja na esfera coletiva, de
culto e serviços, tenha cuidado de rever cada procedimento, cada meta, cada
motivação. Tenha cuidado de olhar para o passado, para os “marcos antigos”,
postos por nossos pais, pois Deus não aceita adoração do modo que ele não
prescreveu. É melhor ter um pouco de trabalho no estudo do caminho, do que
tomar o caminho errado, aquele que mais nos agrada, e no fim ter feito tudo em
vão.
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