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sábado, 24 de dezembro de 2011

Feliz Natal!





Quero nesta noite mais que especial usar este espaço para bendizer o nome do aniversariante, Jesus Cristo, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente, amigo fiel, meu Redentor, ÚNICO Advogado, meu Sumo Sacerdote e SUFICIENTE Mediador de uma nova e perfeita Aliança; àquele que Vive e Reina eternamente, seja TODA honra, glória, louvor e domínio, pelos séculos sem fim!

Amém!

E a você, que lê isso, eu apelo: não esqueça dEle neste Natal. Que acima de tudo Cristo possa nascer em seu coração hoje, e te presentear com o bem mais valioso para o homem, a saber, a Salvação de sua alma!

Lembre-se que um dia, há 2000 anos atrás, "o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1:14), pois "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).

Feliz Natal!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vamos amadurecer!


Recentemente uma polêmica envolvendo o apresentador Jô Soares, a Bíblia e, consequentemente os cristãos, tomou conta dos blogs e ambientes online. Trata-se de um comentário do Jô dizendo que a Bíblia tem "mil e uma utilidades", referindo-se ao fato de um cantor haver declarado que fumava maconha com páginas da Bíblia. O vídeo com o ocorrido pode ser conferido abaixo:


Em resposta ao ocorrido, prontamente o Apóstolo Renê Terra Nova postou um vídeo em seu blog conclamando que nós, cristãos, reajamos publicamente e exijamos retratação pública do apresentador, comparando o fato como quando os muçulmanos reagem violentamente contra qualquer ato contra Maomé ou contra seu Alcorão. O vídeo da resposta de Terra Nova pode ser conferido abaixo:


Caro leitor, com toda sinceridade, eu preciso ser bem sincero: vamos amadurecer! Tenho visto na sociedade (tanto em âmbito nacional como internacional) que certos grupos tem desenvolvido uma tendencia assustadora para o confronto com outros, de modo que qualquer coisa que falem, ou qualquer expressão contrária a algum símbolo já é motivo de revolta. Isso é característica de minoria medrosa e sem confiança em seus próprios direitos e na democracia de seu país. Felizmente, somos uma democracia instituída no princípio áureo da liberdade de expressão. Da mesma maneira que reverberamos contra o PLC 122/2006, que é inconstitucional, pois deseja retirar do cidadão o direito de ser contra a prática homossexual, como queremos tirar de Jô Soares o direito de expressão? Por mais que eu, como cristão, veja a declaração de Jô Soares como abominável e blasfema, cabe a Deus julgá-lo, e não a nós ou ao Estado, haja vista que nosso Estado é baseado na liberdade de opinião.


Soli  Deo Glória.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de Outubro: Dia da Reforma!


Hoje é um dia muito especial para nós, crentes reformados, embora, infelizmente, poucos tenham essa ciência. No dia 31 de Outubro de 1517, precisamente a 494 anos, um ato histórico dividiu todo o mundo ocidental, trazendo luz para um mundo de trevas. Foi a publicação das 95 teses de Lutero contra as indulgências, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg:

Post tenebras lux

Esta frase provém da tradução da Vulgata Latina de Jó 17:12, e tornou-se o lema de toda Reforma Protestante: depois de uma era de trevas, veio uma era de luz.

O legado da Reforma, meus amados, para nós, é profundamente espiritual, pois nos possibilitou voltar ao Evangelho bíblico, em meio àquela perversão espiritual que a Igreja Católica pregava (pregava?). Seu legado é, além de espiritual, social e civil. Seu idealizador, Martinho Lutero, ansiava em distribuir e tornar acessível ao povo a santa Palavra de Deus, por isso, traduziu toda a Bíblia para um dos dialetos do alemão e passou a ensinar e lê-la nas casas, tanto de ricos, ou pobres. Até mesmo classes de alfabetização foram criadas.

Não podemos deixar de destacar a importância da Reforma na liberdade religiosa, pois este movimento quebrou com o domínio absoluto dos papas sobre a Europa, trazendo de volta um direito a muito perdido (pois fora roubado pela cristandade perseguidora e apóstata, a Roma dos papas).

Por fim, e não menos importante, quero expor alguns dos legados poderosíssimos que a Reforma nos deixou no âmbito espiritual. Sempre que estudo sobre eles, meu coração arde, pois são princípios genuinamente bíblicos, e, neste movimento, vejo um agir de Deus poderoso de misericórdia pelo povo perdido medieval. 

Semana passada, eu assisti o filme 'Lutero', ao qual nunca havia visto. Embora o mesmo tenha "pegado leve" com o catolicismo, suas cenas já emocionavam: uma mãe pobre de uma filha paralítica (a qual escondia por vergonha da sociedade) é profundamente oprimida e enganada pelo padre dominicano João Tetzel, um vendedor de indulgências famoso na Alemanha da época, pois angariava fundos para a construção da atual e suntuosa Basílica de São Pedro. A barganha com as almas humanas era tamanha que cheguei a me indignar com a situação, mesmo sendo um filme. A pobre mãe colocara sua única moeda (de sustento dela e de sua filha) nas mãos de uma igreja corrupta, que dera, em troca, apenas um pedaço de papel afirmando o "perdão de pecados". Talvez você não entenda a minha indignação, meu amigo, mas, embora sendo um filme, tenho ciência que isso aconteceu mesmo, e que milhões se perderam nas densas trevas dessas falsas doutrinas, crendo que estavam indo para o céu pelo débil mérito financeiro e de indulgências da "santa" igreja.

Me dóis muito mais, saber que, em pleno século XXI, às vésperas do 500º aniversário da Reforma (2017), nós vemos uma igreja (protestante e evangélica só de nome) que faz a MESMA coisa! Uns chegam até a dizer que a "maldição da sua vida não será quebrada sem sacrifício"! Onde vamos parar com isso!? Se todos usássemos este dia para lembrar das palavras e da vida exemplar destes homens do passado, os pais da Reforma, certamente não passaríamos por isso! Eu te encorajo, amigo leitor, a estudar mais sobre os pais reformadores, a ler mais sobre grandes homens do passado, a voltar às veredas antigas! Entenda esta urgência!

Não me prolongando mais, gostaria de terminar este artigo com o meu clamor diário ao Senhor: que possamos ser como Lutero, Zuínglio, Calvino, Knox, Wycliffe, Huss, Wesley, Cramner, e tantos outros homens que deram a vida pelo puro, simples e eficaz EVANGELHO de Cristo! Lembremos sempre do eterno e atualíssimo lema: "Elesia reformata semper reformanda", isto é, "Igreja reformada, sempre se reformando", e Deus nos livre de que o temor de Jó se concretize: 

et rursum post tenebras properat lux. 
a luz está perto do fim, por causa das trevas. 
Jó 17:12

Deus abençoe!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Unidade sem Verdade?




E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória.
E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável.
Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias.
E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.
Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela.
Tornai-lhe a dar como ela vos tem dado, e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber, dai-lhe a ela em dobro.
Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto.
Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga.

Apocalipse 18.1-8 / ACF

Quem vale mais? A mentira do ecumenismo ou a Palavra de Deus? Em quem acreditar? Pense sobre isso e não caia na cilada que o Inimigo vem armando contra a Igreja do Senhor. Abaixo, bem escreveu J. C. Ryle, que foi Bispo de Liverpool, da Igreja da Inglaterra:

Nós [evangélicos] sustentamos que não pode haver real união sem unidade na fé.
Nós protestamos contra a idéia de união baseada num episcopado comum, ao invés de uma fé comum no Evangelho de Cristo. Nós abominamos a própria idéia de re-união com Roma, a não ser que a própria Roma primeiro purge-se de suas muitas falsas doutrinas e superstições.
Bispo J. C. Ryle no manifesto "A Religião Evangélica", disponível aqui.

domingo, 22 de maio de 2011

22 de Maio de 2011... e o mundo não acabou!





"Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai."
Mateus 24:36


Ontem não se cumpriu mais uma tentativa de adivinhação do dia e hora exatos da volta de Jesus. Um grupo religioso americano garantiu com toda certeza que o arrebatamento e o dia do julgamento se dariam ontem, 21 de Maio de 2011 exatamente às 18h.

Eles fizeram propaganda em massa durante meses, alertando as pessoas que rogassem a Deus por misericórdia, pois se não o fizessem, neste dia pereceriam. O mais assustador é que em 1994 o líder deste grupo, Harold Camping já havia dito que Jesus iria voltar. Como era de se esperar, alegou erros nos cálculos, remarcando a data da volta do nosso Senhor para ontem à tarde.

E o pior é que tem gente que ainda acredita nessas profecias. Isso nos mostra um panorama  de grande preocupação: o povo está perdido, mergulhado nos ensinos dos falsos profetas e cada vez mais se afastando do conhecimento da Verdade, que é a Palavra de Deus. Necessitam de uma luz mas fogem da Verdadeira fonte, indo buscar abrigo em qualquer um que afirme ter a resposta. Por que não atentam para o que o próprio Jesus disse, isto é, que "ninguém sabe o dia e a hora"?! Ou mais ainda, por que não reconhecem o que o Apóstolo Paulo ensinou, que "nos últimos dias alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência."?!

Os fatos nos mostram que o ensino que tenta marcar uma data para o fim dos dias é extremamente perigoso e auto-destrutivo. Podemos citar três casos no último século de fanáticos que, em nome de Deus, levaram milhares a morte por causa de suas falsas profecias: Jim Jones (1978), David Koresh em 1993 e Marshall, Applewhite e Bonnie Nettles (Heaven's Gate) em 1997. No caso m questão, o de Harold Camping, há casos de muitos que abandonaram suas responsabilidades, empregos e vidas pois acreditariam que o fim seria ontem. Agora pois, estão frustrados com o engano.



sábado, 12 de março de 2011

A Religião Evangélica - J. C. Ryle

A Religião Evangélica, um Manifesto escrito por John Charles Ryle, que foi o 1º Bispo da Diocese de Liverpool, da Igreja da Inglaterra. Ele sempre lembrava o texto bíblico, “para aprovardes as coisas excelentes” (Fp 1:10)

I. PRINCÍPIOS Evangélicos

1. A supremacia absoluta das Santas Escrituras

Nos mostre qualquer coisa, escrita claramente, naquele Livro, nós o receberemos, acreditaremos, e nos submetermos a isso. Nos mostre qualquer coisa contrária àquele Livro, e ainda que seja sofisticado, plausível, bonito e aparentemente desejável, não o teremos por nada.

2. A doutrina do pecado e corrupção humanas

O homem está radicalmente doente. Eu creio que a ignorância da extensão da Queda, e de toda a doutrina do pecado original, é uma das grandes razões porque tantos não podem nem entender, apreciar, nem receber a Religião Evangélica.

3. A obra e serviço de nosso Senhor Jesus Cristo

O eterno Filho de Deus é nosso Representante e Substituto. Nós sustentamos que o povo deve ser continuamente orientado a não fazer um Cristo da Igreja.
Nós cremos que nada nunca é exigido entre a alma do homem pecador, e Cristo o Salvador, mas a fé simples como de uma criança.

4. O trabalho interior do Espírito Santo

Nós sustentamos que as coisas que mais precisam ser apresentadas e reforçadas na atenção dos homens são as grandes obras do Espírito Santo – arrependimento interior, fé, esperança, ódio ao pecado, e amor à lei de Deus. Afirmamos que dizer aos homens para terem conforto em seu batismo ou membresia na igreja enquanto essas graças absolutamente importantes são desconhecidas, não é meramente um erro, mas crueldade intencional.

5. O trabalho Externado e Visível do Espírito Santo na vida dos homens
Sustentamos que dizer a um homem que ele é “nascido de Deus” ou regenerado, enquanto vive em descuido ou pecado, é uma ilusão perigosa.
É a posição que tomamos nestes cinco pontos que caracteriza grandemente a teologia Evangélica. Dizemos corajosamente que elas são coisas primeiras, principais, chefes e governantes no cristianismo.

II. PROTESTOS Evangélicos

1. Nós protestamos contra a prática moderna de primeiro personificar a Igreja, e então divinizá-la, e finalmente idolatrá-la.

2. Nós nos recusamos a admitir que Ministros Cristãos sejam, em qualquer sentido, sacerdotes que sacrificam.
Percebemos que sacerdotismo ou sacerdócio tem sido freqüentemente a maldição da cristandade, e a ruína da verdadeira religião.

3. Nós Nos recusamos a admitir que os Sacramentos de Cristo transmitem graça por si mesmos.
Nós protestamos contra a idéia de que no batismo o uso da água, no Nome da Trindade, é invariável e necessariamente acompanhada pela regeneração. Nós protestamos contra a idéia de que a Ceia do Senhor é um sacrifício. Sobre tudo, nós protestamos contra a noção de qualquer presença local do corpo e sangue de Cristo na Ceia do Senhor, nas formas de pão e vinho, como “idolatria a ser abominada por todos os cristãos fiéis”.

4. Nós nos recusamos a nos juntar ao clamor, “sem bispo, sem igreja”. “[sem bispo, não há igreja]”
Nós nos recusamos a crer que bispos são infalíveis, ou que suas palavras devem ser cridas quando não estão em harmonia com as Escrituras.

5. Nós sustentamos que não pode haver real união sem unidade na fé.
Nós protestamos contra a idéia de união baseada num episcopado comum, ao invés de uma fé comum no Evangelho de Cristo. Nós abominamos a própria idéia de re-união com Roma, a não ser que a própria Roma primeiro purge-se de suas muitas falsas doutrinas e superstições.

III. PERSUASÕES Evangélicas

1. Substitua Cristo por qualquer coisa, e o Evangelho está totalmente estragado!

2.Adicione qualquer coisa a Cristo, e o Evangelho deixa de ser um Evangelho puro!

3.Coloque qualquer coisa entre os homens e Cristo, e os homens irão negligenciar a Cristo por aquilo que foi
colocado!

4. Destrua as proporções do Evangelho de Cristo, e você arruinará sua eficácia!

5. A religião Evangélica deve ser o Evangelho, todo o Evangelho e nada além do Evangelho.

IV. PRÁTICAS Evangélicas

“Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente, fortalecei-vos.” (I Co 16:13)

1. Esforce-se para que a religião pessoal seja completa e totalmente Evangélica.
O mundo está possuído por um demônio de falsa caridade sobre religião.

2. Não comprometa princípios Evangélicos.
Tome bastante cuidado com novas decorações de igreja, nova música de igreja, e um modo quase histérico
de realizar adoração na igreja.

3. Observe que eles não fazem nenhum bem real, os que misturam pregação Evangélica com cerimônias rituais.
O mundo nunca será ganho por flerte e comprometimento; ao se usar ambas as formas, e tentar agradar a todos.

4. Encare o perigo com coragem e lute com ele usando a mesma Palavra que Cranmer, Latimer e Ridley usaram para lutar.

5. O caminho do dever é limpo, claro, e inconfundível. União e organização de todos os homens Protestantes e Evangélicos, exposição incansável das negociações papistas de nossos antagonistas do púlpito, palco e imprensa.

Eu digo, “Não se renda! Não deserte! Não comprometa! Nada de paz desgraçada!”.


Fonte: http://igrejaanglicana.com.br/archives/um-manifesto-evangelico/

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Cruz de Cristo - J. C. Ryle


O que você pensa acerca da cruz de Cristo? Talvez você considere esta questão como algo de somenos importância; não obstante, dela depende intensamente o bem-estar eterno de sua alma.

Há mil e oitocentos anos atrás, houve um homem que disse gloriar-se na cruz de Cristo. Foi alguém que revirou o mundo de cabeça para baixo pelas doutrinas que pregava. De todos os homens que já viveram neste mundo, foi ele quem mais contribuiu para o estabelecimento do Cristianismo. E mesmo assim, foi este homem quem disse aos Gálatas:

“Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”, Epístola de Paulo Aos Gálatas 6.14

Leitor, a “cruz de Cristo” deve ser um assunto verdadeiramente importante para que um apóstolo inspirado fale de tal forma sobre ela. Deixe-me tentar demonstrá-lo o verdadeiro significado desta expressão. Uma vez reconhecendo o que significa a cruz de Cristo, com a ajuda de Deus você se tornará capaz de perceber a importância dela para a sua alma.

A palavra cruz, na Bíblia, algumas vezes faz referência à cruz de madeira na qual o Senhor Jesus foi cravado e posto para morrer, no Calvário. Isto é precisamente o que São Paulo tinha em sua mente quando falou aos Filipenses que Cristo “foi obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.8). Contudo, esta não era a cruz na qual São Paulo se gloriava. Ele esquivar-se-ia com horror da idéia de gloriar-se em um mero pedaço de madeira. Eu não tenho quaisquer dúvidas de que ele denunciaria a adoração católica romana do crucifixo como profana, blasfema e idolátrica.

A cruz, em outras vezes, é atinente às aflições e provações que os crentes atravessam pela causa da religião que professam, quando seguem a Cristo fielmente. Este é o sentido no qual nosso Senhor usa a palavra, quando diz: “Aquele que não toma a sua cruz, e segue-me, não é digno de mim” (Mt 10.38). Este também é o sentido no qual Paulo usa a palavra quando escreve aos Gálatas. Ele conhecia bem esta cruz. Deveras, ele a carregava pacientemente; no entanto, também não é sobre isto que ele está falando aqui.

Mas a palavra cruz também se refere, em alguns outros lugares da Escritura, à doutrina de que Cristo morreu pelos pecadores sobre a cruz, - a expiação que Ele fez pelos pecadores, por Seus sofrimentos em favor deles sobre a cruz – o completo e perfeito sacrifício pelo pecado que Jesus ofereceu quando deu Seu próprio corpo para ser crucificado. Em suma, este termo, “a cruz”, aponta para Cristo crucificado, o único Salvador. Este é o significado no qual Paulo usa a expressão, quando fala aos coríntios: “A pregação da cruz é loucura para os que perecem” (1 Co 1.18). E este também é o significado do que ele escreveu aos Gálatas: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”. Ele está dizendo simplesmente isto: “Eu não me glorio em nada mais, exceto em Cristo crucificado, como a salvação de minha alma”.

Leitor, Jesus Cristo crucificado era a alegria e o deleite, o conforto e a paz, a esperança e a confiança, a fundação e o lugar de descanso, a arca e o refúgio, o alimento e o remédio da alma de Paulo. Ele não considerava que teria de executar algo por si mesmo ou padecer por si mesmo. Ele não era mediado por sua própria bondade e nem por sua própria retidão. Ele amava pensar naquilo que Cristo havia feito, e naquilo que Cristo havia sofrido - a morte de Cristo, a justiça de Cristo, a expiação de Cristo, o sangue de Cristo, a obra finalizada de Cristo. Nisto, sim, ele se gloriava. Este era o sol de sua alma.

Este era o assunto que sobre o qual ele amava pregar. O apóstolo Paulo foi um homem que percorreu a terra proclamando aos pecadores que o Filho de Deus havia derramado o sangue de Seu próprio coração para salvar-lhes. Ele caminhou por todos os lugares neste mundo falando às pessoas que Jesus Cristo as amava, a ponto de morrer pelos seus pecados sobre a cruz. Observe como ele diz aos coríntios: “Eu vos entreguei o que primeiro recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados” (1 Co 15.3); “eu me determinei a não saber de qualquer coisa entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Co 2.2). Ele – um blasfemo, fariseu perseguidor – havia sido lavado no sangue de Cristo; de tal modo a não poder deixar de sustentar sua paz sobre este sangue. Por isso ele nunca se cansava de falar da história da cruz.

Este foi o tema sobre o qual ele amava alongar-se quando escrevia aos crentes. É maravilhoso observar como suas epístolas geralmente são repletas dos sofrimentos e da morte de Cristo - como elas discorrem sobre "pensamentos que inspiram e palavras que ardem" sobre o amor e o poder das agonias de Cristo. Seu coração parece cheio deste assunto: ele discorre sobre isto constantemente e retoma o tema continuamente. É o fio de ouro que perpassa todo seu ensino doutrinário, e todas as exortações práticas. Ele parece pensar que mesmo para o cristão mais maduro nunca é demais ouvir sobre a cruz.

Foi sobre isto que ele viveu toda sua vida, desde o tempo de sua conversão. Ele diz aos gálatas: “A vida que agora eu vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, o qual me amou, e a si mesmo se deu por mim” (Gl 2.20). O que o faz tão forte para o labor? O que o faz tão disposto para a obra? O que o faz tão incansável em esforçar-se para salvar alguns? O que o faz tão perseverante e paciente? Eu vou dizê-lo, qual o segredo disto tudo. Ele sempre se alimentava pela fé do corpo de Cristo e do sangue de Cristo. Jesus Cristo foi a comida e a bebida de sua alma.

E leitor, você pode estar convicto de que Paulo estava correto. Confiar nela, isto é, na cruz de Cristo, - a morte de Cristo sobre a cruz para fazer a expiação pelos pecadores – é a verdade central ao longo de toda a Bíblia. Esta é a verdade que encontramos logo ao abrirmos no livro do Gênesis. A semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente - isto não é outra coisa senão uma profecia de Cristo crucificado. Deveras, esta é a verdade que brilha, por trás do véu, em toda a lei de Moisés e na história dos judeus. Os sacrifícios diários, o cordeiro pascal, o contínuo derramamento de sangue no tabernáculo e no templo - tudo isto são sombras do Cristo crucificado. E esta é a verdade que também vemos ser honrada na visão do céu, antes do fechamento do livro das Revelações: “Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto”(Ap 5.6). De fato, mesmo em meio à glória celestial nós encontramos uma visão de Cristo crucificado. Tire a cruz de Cristo, e a Bíblia será um livro obscuro. Ela seria como os hieróglifos egípcios, sem a chave que interpreta o seu significado – curiosa e maravilhosa, mas sem qualquer serventia real.

Leitor, observe bem o que eu lhe digo. Você pode conhecer uma boa porção da Bíblia. Pode conhecer os contornos das histórias nela contidas, e até a data dos eventos que a Bíblia descreve, assim como alguém pode conhecer a história da Inglaterra. Você pode conhecer os nomes dos homens e mulheres nela mencionados, assim como um homem conhece César, Alexandre o Grande, ou Napoleão. Você pode conhecer vários preceitos da Bíblia, e os admirar, assim como um homem admira Platão, Aristóteles, ou Sêneca. Mas se você ainda não descobriu que Cristo crucificado é o fundamento de cada livro, você tem lido a Bíblia até agora de modo muito pouco proveitoso. Sua religião é um céu sem um sol, um arco sem um fecho, um compasso sem uma agulha, um relógio sem molas ou valores, um candeeiro sem óleo. Ela não o confortará. Ela não livrará a sua alma do inferno.

Leitor, observe mais uma vez o que eu lhe digo. Você pode conhecer bastante acerca de Cristo, tendo alguma espécie de conhecimento intelectual. Você pode conhecer bem quem Ele foi, e onde Ele nasceu, e o que Ele fez. Você pode conhecer Seus milagres, Suas falas, Suas profecias, e Suas ordenanças. Você pode saber como Ele viveu, como Ele sofreu, e como Ele morreu. Contudo, pode-se conhecer o poder da cruz de Cristo experimentando-o; deveras - a menos que você saiba e reconheça que aquele sangue derramado sobre a cruz lavou seus próprios pecados particulares, e a menos que você esteja disposto a confessar que sua salvação depende inteiramente da obra que Cristo realizou sobre a cruz -, se não for esse o seu caso, Cristo não lhe será em nada proveitoso. Sim, o mero conhecimento do nome de Cristo jamais o salvará. Você deve conhecer a Sua cruz e o Seu sangue, ou então acabará morrendo em seus próprios pecados.

Leitor, enquanto você viver, tome cuidado com uma religião na qual não se ouve muito da cruz. Você vive em tempos nos quais a cautela, lamentavelmente, é necessária. Cuidado, eu repito, com uma religião sem a cruz.

Há centenas de lugares de adoração nestes dias, nos quais se encontram quase todas as coisas, exceto a cruz. Há carvalhos gravados, e pedras esculpidas; há vidros coloridos, e pinturas esplêndidas; há serviços solenes, e uma constante série de ordenanças; mas a cruz real de Cristo não há. Jesus crucificado não é proclamado no púlpito. O Cordeiro de Deus não é exaltado, e a salvação mediante a fé n’Ele não é livremente proclamada. E, por conseguinte, todos estes lugares estão em erro. Leitor, acautele-se de tais lugares de adoração. Eles não são apostólicos. Eles não haveriam de satisfazer a São Paulo.

Há milhares de livros religiosos publicados hodiernamente, nos quais se acham quase todas as coisas, exceto a cruz. Eles são plenos de direcionamentos sobre os sacramentos, e louvores da Igreja; eles abundam em exortações para uma vida santa, e em regras para a consecução da perfeição; eles apresentam fartura de fontes e cruzes, tanto interna quanto externamente; mas a cruz real de Cristo é deixada de fora. O Salvador e Seu amor agonizante tampouco são mencionados, ou o são de um modo anti-escriturístico. E, por conseguinte, todos estes livros são piores do que imprestáveis. Eles são não apostólicos. Eles jamais satisfariam a São Paulo.

Leitor, São Paulo não se gloriava em nada mais, a não ser na cruz. Esforce-se para também ser assim. Coloque Jesus crucificado sempre diante dos olhos de sua alma. Não ouça qualquer ensino que interponha algo entre você e Ele. Não caia no antigo erro dos gálatas. Não pense que alguém nestes dias seja melhor guia do que os apóstolos. Não se envergonhe das antigas veredas, nas quais percorreram homens que foram inspirados pelo Espírito Santo. Não deixe que a conversa vazia de homens que proferem grandes palavras dilatadas sobre a catolicidade, e a igreja, e o ministério, perturbem a sua paz, e o façam despreender-se da cruz. As igrejas, os ministros e os sacramentos são todos importantes a seu próprio modo, mas eles não são Cristo crucificado. Não dê a glória de Cristo a nenhum outro. “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”.

Leitor, pus tais pensamentos diante de sua mente. O que você pensa agora sobre a cruz de Cristo? Eu não posso dizer; mas não posso desejar a você algo melhor do que isto – que você possa ser capaz de dizer com o apóstolo Paulo, antes de você morrer ou apresentar-se ao Senhor, “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”. Amém.

Fonte: http://www.monergismo.com/textos/cruz/cruz_ryle.htm




Nota sobre o autor: J.C. Ryle, foi um bispo anglicano contemporâneo ao grande pregador Charles Haddom Spurgeon e que desponta como um dos mais eminentes representantes da fé genuína no século passado com pregações bíblicas e estudos reconhecidos por todo o mundo onde se encontra a verdadeira Igreja de Cristo. "Em sua época ele era famoso, notável e amado como campeão e expositor da reformada fé evangélica. O bispo Ryle fartou-se profundamente das fontes dos grandes escritores puritanos clássicos do século XVII. De fato, seria apenas falar com precisão se disséssemos que seus livros destilam a verdadeira teologia puritana, apresentada sob uma forma moderna e de fácil leitura"(D.M.Lloyd-Jones)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

[O] Que é a Igreja? - J. C. Ryle



Grande é este mistério: digo-o, porém, a respeito de Cristo e da Igreja 
Efésios 5:32 (ACF)

Não há assunto algum, em matéria de religião, que seja tão mal entendido como este: A Igreja.

Provavelmente, nada há que tenha feito tanto mal aos cristãos professos, como o mal entendido a respeito deste ponto.

Não há palavra que tenha sido usada com tanta variedade de sentidos, como a palavra "Igreja". É palavra que ouvimos constantemente, e não podemos deixar de observar que as pessoas a empregam em sentidos diferentes. O inglês bem educado, quando fala de 'Igreja", que quer ele dizer? Geralmente se refere à igreja episcopal estabelecida em seu país. O católico romano, quando fala em "Igreja", que quer ele significar? Quer dizer igreja romana, acrescentando que não há igreja verdadeira no mundo, além dela, e tantos outros que querem eles dizer? Uns querem dizer o edifício em que prestam culto a Deus , aos domingos; outros referem-se ao clero, pois quando alguém é ordenado costuma-se dizer que "entrou para a Igreja"; outros têm vagas idéias a respeito do que costuma chamar de sucessão apostólica, dando a entender com isto, misteriosamente, que a igreja é composta de cristãos governados unicamente por bispos.

Não há o que dizer contra tudo isso. São fatos presentes e notórios, e todos eles concorrem para explicar a asserção que fizemos no início destas considerações: não há assunto tão mal entendido como o que trata da "Igreja".

Leitor, creio que, presentemente, é da maior importância ter idéias claras a respeito da "Igreja". Creio que a falta da correta compreensão deste assunto é uma das grandes causas dos erros religiosos em que muitos caem. Desejo chamar a sua atenção para aquele grande e principal sentido em que a palavra "Igreja" é empregada no Novo Testamento.

Quero dissipar a névoa em que este assunto está envolvido. Com verdade falou o bispo Jewell, o reformador, quando disse: "Os inimigos da verdade ensinam muita doutrina falsa debaixo do nome da Santa Igreja, porque nunca houve nada até hoje tão absurdo ou tão perverso, que não fosse fácil defender sob o nome da Igreja".

Deixe-me então mostrar-lhe, em primeiro lugar, qual é a verdadeira Igreja fora da qual ninguém pode salvar-se.

Há, realmente, uma igreja fora da qual não há salvação, uma igreja a que o homem deve pertencer se não quiser perder-se por toda a eternidade. Exponho-lhe isto sem hesitação ou reserva. Digo-o com tanta confiança e certeza, como o mais forte defensor da igreja romana o pode fazer. Mas, qual é esta Igreja? Onde está ela? Por que sinais esta igreja deve ser conhecida? Eis uma grande questão!

A verdadeira Igreja está bem descrita no serviço de comunhão da Igreja da Inglaterra, "como o corpo místico de Cristo, que é a companhia bendita de todo o povo fiel". É composta de todos os crentes em Jesus Cristo. É formada por todos os eleitos de Deus, por todos os homens e mulheres convertidos - por todos os verdadeiros cristãos nos quais podemos distinguir a eleição de Deus, o Pai, a purificação pelo sangue de Deus, o Filho, e a santificação de Deus, o Espírito. Em tais pessoas podemos ver os membros da verdadeira Igreja de Cristo.

É uma Igreja em que todos os membros têm os mesmos sinais. São todos renascidos do Espírito Santo. Todos devem ter "arrependimento para com Deus , fé em nosso Senhor Jesus Cristo e santidade de vida e de conversação". Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. Adoram a Deus... todos com o coração igualmente sincero. São todos guiados pelo mesmo Espírito; todos edificam sobre o mesmo alicerce; todos tiram a sua religião do mesmo único livro; todos se reúnem no mesmo centro - que é Cristo! Todos podem, mesmo já, dizer: Aleluia! E podem responder com um coração igualmente crente e uma voz unânime: "Amém, amém".

É uma Igreja que não depende dos ministros cá da terra, ainda que aprecie muito aqueles que pregam o evangelho. A vida espiritual de seus membros não depende do fato de se filiarem a uma igreja, nem depende do Batismo e Ceia do Senhor, não obstante darem grande valor a estes Sacramentos cada vez que são celebrados.

Mas esta Igreja tem um Cabeça principal, um Pastor, um Bispo, que é Jesus Cristo. Só Ele, pelo seu Espírito, admite os membros desta Igreja, ainda que são os ministros que mostram a porta. Enquanto Ele não abrir a porta, ninguém aqui no mundo pode abri-la; nem bispos, nem presbíteros, nem reuniões, nem sínodos e nem concílios. Quando o homem se arrepende e crê no Evangelho, nesse mesmo momento torna-se membro desta Igreja. Como o ladrão arrependido, pode não ter ocasião de ser batizado, mas tem aquilo que é muito melhor do que o batismo da água: o batismo do Espírito Santo. Talvez não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas pode, por meio da fé, alimentar-se de Cristo todos os dias de sua vida, e nenhum ministro, na terra, pode privá-lo disto. Ele pode, por injustiça, ser excluído por aqueles que são ordenados, e privado dos privilégios da Igreja. Porém, nem todos os sacerdotes do mundo inteiro podem exclui-lo da verdadeira Igreja. A existência desta Igreja não depende de formas nem de cerimônias, de catedrais ou templos, de púlpitos ou pias batismais, de vestimentas ou órgãos, de dotes, dinheiro, reis, governos, magistrados, de ato ou favor, qualquer que seja, da mão do homem. Ela sempre permaneceu, quando tudo isto lhe foi tirado. Foi muitas vezes lançada no deserto ou em covas e cavernas da terra, por aqueles que deveriam ser seus amigos. Mas a sua existência não depende de coisa alguma, além da presença de Cristo e de seu Espírito e, enquanto estes nela permanecerem, a Igreja não pode deixar de existir.

Esta é a Igreja a que especialmente pertencem, por direito, as honras e privilégios presentes e as promessas da glória futura. Este é o Corpo de Cristo, a Esposa do Cordeiro, o Rebanho de Cristo, os domésticos da fé e a família de Deus. Esta que é o edifício de Deus, a fundação de Deus e o Templo do Espírito Santo. Esta é a Igreja dos primogênitos cujos nomes estão escritos no céu. Ela é a "a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido"; é a luz o mundo, o sal e o pão da terra. Esta é a Santa Igreja Católica (universal) de que fala o Credo dos Apóstolos. Esta é única Igreja católica e apostólica do Credo de Nicéia.

Foi a esta igreja que Cristo fez a promessa de que as "portas do inferno" não prevaleceriam contra ela. Foi a ela também que Ele disse: "Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos". Esta é a única Igreja que possui a verdadeira união. Seus membros estão perfeitamente de acordo com os pontos mais importantes da religião, porque são todos ensinados pelo mesmo Espírito a respeito de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, do pecado e de seus corações. O mesmo Espírito os ensina a respeito da fé, do arrependimento, da necessidade de santificação, do valor da Bíblia, da importância da oração, da ressurreição e do julgamento futuro. Eles compreendem todos estes pontos do mesmo modo. Convidai três ou quatro deles, dos países mais remotos da terra, completamente estranhos uns aos outros, e examinai-os separadamente sobre estes pontos, e achá-los-eis todos de perfeito acordo.

Esta é a única Igreja que possui verdadeira santidade. Seus membros são todos santos. Santos não meramente por terem professado a religião, ou santos no nome, ou no sentido de exercerem a caridade. Mas santos em ações e obras, em vida, realidade e verdade. São todos, mais ou menos, semelhantes ao grade Chefe.

Esta é a única Igreja verdadeiramente católica. Não a Igreja de uma certa nação ou povo. Seus membros encontram-se por toda a parte, no mundo onde o Evangelho é recebido e crido. Não se encerra dentro dos limites de qualquer país, em formas particulares ou em regras de governo.

Nesta Igreja não há diferença entre judeu e grego, preto e branco, episcopal e presbiteriano, mas a fé em Jesus Cristo é que é tudo. Seus membros virão reunir-se do norte, do sul, do oriente e do ocidente, no último dia e serão de todas as nações, nomes e reinos, povos e línguas, mas todos serão um em Jesus Cristo.

Esta é a única Igreja verdadeiramente apostólica, pois foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e guarda a doutrina que eles pregaram. Os dois grandes pontos que seus membros conservam sempre diante dos olhos, são a fé apostólica e a prática apostólica. E a todo homem que fala em seguir os apóstolos, sem possuir estas duas coisas, consideram eles como o metal que soa ou o sino que tine.

Esta e a única Igreja que, certamente, há de existir até o fim. Coisa alguma poderá arruiná-la ou destruí-la. Seus membros podem ser perseguidos, oprimidos, encarcerados, açoitados, degolados ou queimados, mas a verdadeira Igreja nunca se extinguirá. Sai de suas aflições, e vive como que através do fogo e da água. Quando esmagada numa terra, floresce noutra. Os faraós, os Herodes, os Neros, os Julianos, os Dioclecianos, Maria - a sanguinária, Carlos IX, em fim, todos trabalharam em vão para destruí-la. Mataram milhares, mas também eles desapareceram da face da terra. A verdadeira Igreja, no entanto, sobreviveu. Assistiu ao sepultamento de cada um deles. É, na verdade, uma bigorna que tem quebrado muitos martelos neste mundo. É uma sarça que arde e, contudo, não se consome.

Esta é a única Igreja da qual nenhum membro pode perecer. Os pecadores alistados no rol desta Igreja serão eternamente salvos e nunca serão lançados fora.

A eleição de Deus, o Pai; a contínua intercessão de Deus, o Filho; a diária renovação e santificação de Deus, o Espírito Santo, cercam e guardam os salvos como num jardim fechado. Nem um só osso do Corpo Místico de Cristo será quebrado. Nem um só cordeiro do rebanho de Cristo será arrancado de Suas mãos. Esta é a Igreja que continua a obra de Deus sobre a terra. Seus membros são um pequeno rebanho, pouco em número, comparativamente com o povo do mundo: um ou dois aqui; dois ou três ali; uns nesta paróquia; outros naquela além. Mas são estes que abalam o Universo. São estes que removem reinos com suas orações. São estes os membros ativos que espalham o conhecimento da religião pura e sem mácula. Eles que são a conservação do país - o escudo, a defesa, o esteio e a segurança da nação a que pertencem!

Esta é a Igreja que há de ser verdadeiramente gloriosa no último dia. Quando todas as glórias terrestres desaparecerem, então esta Igreja será apresentada sem mácula diante do trono de Deus, Pai. Tronos, principados, poderes da terra, tudo será desfeito. Dignidades, empregos e riquezas desaparecerão. Mas a Igreja do Primogênito brilhará no último dia como as estrelas, e será apresentada com júbilo diante do trono do Pai, no dia em que Cristo aparecer. Quando as jóias do Senhor forem reunidas e tiver lugar a manifestação dos filhos de Deus, não se falará nem em episcopais, nem presbiterianos. Uma única Igreja será nomeada: A Igreja dos Eleitos!

É para esta Igreja que o verdadeiro ministro do Evangelho de Jesus Cristo principalmente trabalha. De que serve ao verdadeiro ministro que se encha a casa onde ele prega? De que serve a ele ver crescer o número de comungantes ou aumentar a congregação? Tudo isto é nada! O que ele deseja é ver homens e mulheres renascidos, almas convertidas e sujeitas a Cristo! O que ele quer, é ver uns aqui, outros ali, retirando-se do mundo, tomando a sua cruz e seguindo a Cristo e, desta forma, aumentando o número de membros da verdadeira Igreja.

Leitor, esta é a Igreja a que o homem deve pertencer, se quer ser salvo. Enquanto você não pertencer a esta Igreja, não será mais do que uma alma perdida. Você poderá ter a aparência de religioso, isto é, poderá ser religioso na casca, na pele e, contudo, não ter obtido a substância da vida. Sim! Você poderá Ter inumeráveis privilégios, poderá gozar dos benefícios da luz e do conhecimento, poderá ter grandes oportunidades! Mas, se não pertencer de fato ao Corpo de Cristo, nada disto o salvará! Ai de nós, por causa da ignorância que existe sobre este ponto! O homem imagina que pertencendo a esta ou àquela igreja - e tornando-se comungante em qualquer delas, observando certas fórmulas -, tudo estará bem com relação a sua alma. Isto é uma total ilusão e grande erro! Nem todos os que tinham o nome de Israel eram israelitas; nem todos os que professam ser cristãos, são membros do Corpo de Cristo! Preste atenção: Você pode ser um firme episcopal, presbiteriano, independente, batista e, contudo, não pertencer à verdadeira Igreja. Se é assim, seria melhor que você nunca houvesse nascido!

Fonte: http://www.monergismo.com/textos/igreja/que_igreja_ryle.htm




Nota sobre o autor: J.C. Ryle, foi um bispo anglicano contemporâneo ao grande pregador Charles Haddom Spurgeon e que desponta como um dos mais eminentes representantes da fé genuína no século passado com pregações bíblicas e estudos reconhecidos por todo o mundo onde se encontra a verdadeira Igreja de Cristo. "Em sua época ele era famoso, notável e amado como campeão e expositor da reformada fé evangélica. O bispo Ryle fartou-se profundamente das fontes dos grandes escritores puritanos clássicos do século XVII. De fato, seria apenas falar com precisão se disséssemos que seus livros destilam a verdadeira teologia puritana, apresentada sob uma forma moderna e de fácil leitura"(D.M.Lloyd-Jones)