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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Eleição e Cosmovisão Cristãs



Como a Eleição mudou minha perspectiva sobre Salvação, sobre Cristo, sobre o Homem e sobre a Igreja.


Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)
Romanos 9:11

O que é eleição? Segundo a doutrina reformada histórica, entende-se por eleição o ato soberano de Deus ocorrido antes da fundação do mundo, no qual Ele, contemplando a raça humana caída resolveu escolher para si um povo. Elegeu dentre os homens incontáveis multidões, a fim de os chamar, regenerar, santificar e, por fim, glorificar quando da ocasião de seu retorno.
Hoje, uma vasta maioria dos crentes rejeitou e se afastou deste pensamento, embora até algum tempo atrás ele fosse maioria entre as Igrejas Protestantes. Vê-se, porém, um retorno a esta doutrina da parte de muitas pessoas, em especial muitos jovens. O motivo? Bom, se posso inferir algo, eu diria apenas que é porque esta é uma doutrina bíblica, e Deus está para trazer um grande retorno às Escrituras em nossos dias.
A mudança que ocorreu comigo não pode ser resumida a uma troca de detalhes. Foi algo radical. Toda uma cosmovisão tem sido mudada e realinhada. Não é apenas crer nos cinco pontos arminianos e passar a crer nos calvinistas. Nem tampouco trocar Eleição Condicional por Eleição Incondicional. Não é uma questão de adicionar ou retirar prefixos. Quero deixar a você que lê este texto às bênçãos e mudanças que a doutrina da Eleição trouxe em minha vida.

Salvação

               Um dos fatos que leva muitos a rejeitarem a doutrina da Eleição é o fato de que esta vai de encontro a uma perspectiva errada de Deus partilhada por uma gama de crentes hoje em dia. Eles creem que Deus seria injusto se escolhesse salvar uns e não outros. Afirmam, por isso, que Deus quer salvar a todos, e que torna esta salvação alcançável a todo ser humano. Este deve, então, usar de seu livre-arbítrio com o fim de aceitar ou recusar tornar-se para Deus. Eis alguns problemas com esta visão:

·        Como explica-se o fato de nações inteiras terem nascido, se desenvolvido e desaparecido da face da terra sem sequer ouvir do Evangelho? Que oportunidade tiveram eles de ouvir sobre Cristo?
·        Como se coaduna esta ideia ao fato de que Deus é o Autor e Consumador de nossa fé? Se eu aceito ou rejeito a Cristo, então minha salvação foi baseada na minha escolha. Sem desejar, os que assim creem estão suportando um pensamento que rouba a glória de Deus.
·        Como se coaduna isto à pura doutrina que todo cristão sincero deve professar, a saber, a doutrina da Expiação Substitutiva, ou seja, de que Cristo levou a Ira de Deus na Cruz pelos nossos pecados e desde então eles foram perdoados. Se assim for, como pode Deus ter levado os pecados de toda a humanidade e condenar ao inferno os que não aceitarem? Como ficam os que “aceitaram” e se desviaram? Esta pessoa será condenada pelo que? Se uma vez crido os pecados não foram perdoados, destrói-se o Evangelho. Se foram, então fica difícil crer numa doutrina que ensina que eu tenho liberdade de me ligar ou desligar a Cristo quando eu bem entender.
·        Como explicar a esperança que há em mim, se eu sequer posso estar certo de que amanhã continuarei sendo crente?

Estes são somente alguns exemplos de como minha cosmovisão anterior era frágil, pois não achava respostas sinceras e bíblicas para estas perguntas. Hoje enxergo mais claramente o quão tremenda é a soberania do nosso Deus! Quão inescrutáveis são seus caminhos! Enxergo mais claramente o amor com que Ele me amou. Não fui salvo por que eu decidi ou por que eu aceitei. Fui salvo pela Sua grande graça e misericórdia. Hoje eu afirmo com o salmista sem medo “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia.” (Salmos 139:16)

Agora percebo com mais clareza a necessidade urgente se proclamar o Evangelho aos quatro cantos desta terra, pois o ser humano nasce perdido e condenado, sendo o Evangelho a sua única chance dele vir a conhecer liberdade e salvação. Percebo que, se nações inteiras foram derribadas sem ouvir de Cristo, Deus é justo e em sua justiça as condenou. Valorizo portanto, cada vez mais, o fato de eu ter disponibilidade de ouvir e falar do Evangelho. Isso é graça!

Cada detalhe da existência deste universo foi criado e preordenado pelo Deus que creio. Sim, Deus é um kyrios despotes, um Senhor Soberano, sim, um déspota! Faz tudo conforme lhe apraz. Que bom é confiar em sua vontade e amor! Assim, afirmo com Paulo que ninguém jamais resistiu a sua vontade! (Romanos 9:19).

Glorifico a Deus agora pela minha Salvação. Não tenho parte nenhuma nisso. Não tivesse Ele me escolhido estaria em trevas até então. Os eventos que me trouxeram até aqui são frutos de Sua soberana vontade! A cada passo que dou estou cumprindo Sua vontade. Mesmo os pecados que cometo. Sim, tudo predestinado, para Sua glória. Que Ele cresça e eu diminua. Que prevaleça a vontade dEle, e não a minha. Esta é, sim, a oração que sempre será respondida. Louvarei ao grande EU SOU eternamente, pois mesmo sendo pó, mesmo sendo nada para que Ele em sua majestade se importasse comigo, hoje eu posso dizer que pelo sangue do Seu Cordeiro eu sou livre da condenação que EU merecia. Eu não escolhi isso, pois mortos não escolhem coisa alguma. Eu estava morto em meus pecados e delitos. Mas o Espirito de Deus cumpriu o decreto eterno e meu deu vida, levando-me a crer. Aleluia!

Cristo

Quem é Cristo? O que Ele veio fazer? Hoje posso crer que Jesus veio fazer o que se propôs a fazer. Ele veio com uma missão e a cumpriu. Não veio esperando salvar a humanidade. Ele veio salvar a todo o que nEle crer. Veio cumprir o que determinou o Pai desde a Eternidade, Veio morrer pelos pecados de Sua Igreja. Posso dizer como Isaias que “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.” (Isaías 53:11)

Homem

E quanto ao homem? Que parte cabe ao homem na cosmovisão bíblica? Davi responde “Que é o homem mortal para que te lembres dele?” (Salmos 8:4). Somos nada! Somos pó! Mortos, inclinados eternamente para o mal! Entenda isso! Em nenhum lugar as Escrituras dão a entender que temos a capacidade de julgar entre o bem e o mal de forma neutra e escolher, livremente, praticar o bem, inclinar nossa vontade para Deus. Hoje entendo que nada fui nem nunca nada serei. Tudo o que tenho, tudo o que sou, vem de Ti, Senhor!

Igreja

Na cosmovisão arminiana, Deus apenas sabe quem se salvará, pacificamente. A Igreja é, então, como um barco que convida a todos o que de fora estão se afogando a entrar. O destino deste barco é o céu. Os que livremente entram no barco, podem livremente sair dele.
               
Muito tentadora esta concepção, porém, não é o que diz a Escritura. A Bíblia fala da Igreja como um edifício, o qual o próprio Cristo constrói. As pedras deste edifício são os crentes, os regenerados, nascidos de novo. Também diz a Palavra que ninguém nasce de novo caso não seja esta a vontade de Deus. Diz que a fé, que é o meio da nossa Salvação, não vem de nós; vem, porém, de Deus. Qual é o meu e o seu papel nisso? Nenhum.

A Igreja é a Noiva do Cordeiro, eleita desde antes da fundação do mundo, por quem Ele deu a vida, e por quem pagou com sangue os seus pecados. Esta Igreja era conhecida por Deus desde sempre. Sua extensão foi determinada uma vez e jamais será mudada. No fim, o trabalho estará completo, e o homem não terá influído em nada. Nem mesmo um centímetro da obra e do plano original foi mudado ou impedido, muito menos atrasado.

Espero que esta reflexão possa ter ajudado a compreender melhor o que é eleição e como essa maravilhosa doutrina influi na cosmovisão cristã. Paz de Cristo a todos!

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