No último dia, o grande dia da festa,
levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e
beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que
haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele
momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda
glorificado.
João 7:37-39 (ARA)
Era a Festa dos Tabernáculos em Israel. Um tempo em que,
alegremente, todo aquele povo aglomerava-se em Jerusalém para as
celebrações costumeiras. O “sucot” ou Festa dos Tabernáculos
ou Cabanas é a celebração judaica em memória dos quarenta anos
que se seguiram à saída do povo de Israel do Egito. Você deve
lembrar bem que neste tempo Israel não tinha habitações fixas,
antes, andavam errantes, e andavam pelo deserto.
Antes que esta especial celebração terminasse, que a alegria da
diversão se esvaísse até o próximo ano ou até a próxima festa,
Jesus aproveitou-se da oportunidade, com todo o seu simbolismo, para
publicamente proclamar o que acabamos de ler em nosso texto. É de se
notar que a festa dos tabernáculos remonta ao exílio no deserto
após o êxodo, e de que Jesus faz uma promessa que tem exatamente a
ver com este assunto: ele promete água!
Onisciente que era, nosso Senhor certamente conhecia a necessidade
mais interior do homem. Ele olhava aquela multidão de pessoas
celebrando naquele lugar, diante do Templo de Jerusalém e certamente
não olhava o exterior delas. Ele via seu interior. Por fora, alegres
e dançantes, conjecturo eu, afinal, era uma festa. Por dentro porém,
lhes faltava algo. Eles estavam secos, peregrinando por um deserto
infinito, o deserto espiritual em que se encontra todo aquele que não
tem Deus.
Sabedor que era desta necessidade, Jesus então surpreende a todos
e, antes que partissem, ele proclama em alto e bom som aquela que é
a essência da mensagem, o convite do evangelho:
Se
alguém tem sede, venha a mim e beba
O que será que se passou na mente do povo ao ouvir estas
declarações? Que questionamentos? Quais indagações? Jesus então
continua, e elucida sua afirmação inicial:
Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de
água viva.
Que rios? Que águas? Do que falava Jesus? Por que não ser mais
claro!? Sem dúvida, afirmo, Jesus não poderia ter sido mais claro.
Aqueles que estavam cônscios de sua própria sede, que sabiam que
necessitavam que alguém os acudisse, sim, os eleitos de Deus, os que
haviam de ser salvos, esses sim entenderam perfeitamente o que Jesus
queria dizer.
Jesus falava do Espírito Santo. E ao dizer isso, intrinsecamente
ele falava da Salvação – pois sabemos que o Espírito só habita
nos salvos. João, o autor do evangelho, explica “Isto ele
disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele
cressem”. Quero expor hoje alguns ensinamentos de Jesus que
podemos extrair das Escrituras com respeito aos “rios de água
viva” que fluiriam do interior daqueles que cressem. Com respeito a
isso, alguns questionamentos podem surgir:
- Que são estes rios?
- Como posso saber se ele está presente em mim?
- Que espécie de obra ele opera em nós?
- Como posso receber estes rios dentro de mim?
- Que são estes rios?
O primeiro ensino que desejo expor
é a natureza real dos “rios de água viva”. João mesmo nos
explica que estas águas que certamente saciariam a sede dos que
cressem simbolizavam o Espírito Santo. A promessa de Jesus era de
que Ele seria glorificado, mas através do Espírito Santo, habitaria
em nós, juntamente com o Pai.
A presença interior do Espírito
Santo é a certeza que o crente possui de sua filiação. É o selo,
a marca que atesta nossa eleição em Deus. Não se engane. O
Espírito jamais habitará a quem Deus não elegeu. E aos que elegeu,
não só habitará, mas o preservará finalmente, apresentando-o
santificado e digno de ouvir “vinde benditos de meu Pai” da boca
do Mestre. Este Espírito é aquele que, no tempo oportuno, regenera
o coração do homem caído, o chama eficazmente e concede a ele fé
para que possa crer. Este Espírito vem então habitar no crente,
operando uma obra de completa transformação, isto é, santificando
o crente, capacitando-o cada vez mais a vencer o pecado, e formando o
caráter de Cristo em Sua Vida. Este Espírito testifica ao crente
sua filiação. Não o deixa perecer. Mesmo no dia mais nebuloso, no
meio da mais forte tempestade, o Espírito Santo guia nossos olhos
para o Autor e Consumador da nossa fé, que é Jesus Cristo.
Este é o “outro Consolador”
prometido por Jesus. Ele está conosco nas horas mais difíceis, e
nas fáceis também! É aquele que intercede por nós, pois não
sabemos como se deve orar. É aquele que livra nossos olhos de sua
própria concupiscência, que nos fortalece quando o pecado vem como
um algoz a nos tentar fazer negar a Cristo. Este Espírito, é,
aliás, aquele que nos levanta quando cedemos a tão terrível
tentação e, mesmo estando sujos pelo pecado, ele tem o remédio:
nos mergulha no sangue de Jesus derramado na Cruz, e ao levantar,
estamos limpos outra vez. Este Espírito glorificará sempre Aquele
que deu a vida por nós, Jesus Cristo. Nos conduzirá a Ele, a crer
nEle, a confiar nEle, a descansar nEle. Este Espírito fluirá em
nós, e através de nós, para não somente benefício nosso, mas
para tantos quantos estiverem ao nosso redor.
- Como posso saber se ele está presente em mim?
Um questionamento comum que
atormenta diariamente muitos cristãos sinceros é este: sou
verdadeiramente um filho de Deus? Sou salvo? Sem dúvida esta questão
transcende a barreira entre calvinistas e arminianos. É infantil
afirmar que calvinistas tem certeza da salvação por que creem na
eleição incondicional¹ e perseverança dos santos² e os
arminianos, por não entenderem assim, não tem esta certeza.
Segurança é uma benção, uma graça que advém tanto a arminianos
como a calvinistas; e como uma graça, uns podem possuí-la em alto
grau, outros nem tanto. Uns, mesmo a tendo, podem perdê-la por um
tempo, devido a alguma tempestade, mas, com tudo isso, o que quero
que entendam é que a certeza de nossa salvação advém da certeza
da presença do Espírito em nós. Por isso, é válida a pergunta:
como saber se ele está em mim?
Vamos tentar responder a esta
pergunta, mas não sem antes pontuar sobre um assunto que, creio,
trará alívio a muitas almas. Vejamos alguns dizeres do Apóstolo
Paulo:
Porque os que dantes conheceu também
os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de
que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que
predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também
justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.
Romanos 8:29-30 (ACF)
É
de fundamental importância que a Salvação é garantida para todos
os eleitos e predestinados em Cristo, quer eles saibam disso ou não,
quer eles tenham segurança ou não. Portanto a você, irmão, imerso
em dúvidas, não desejo que Satanás ardilosamente enfraqueça sua
fé. Confie em Cristo, só nEle. Isto lhe será por garantia de
salvação, ainda que seus pecados lhe assombrem e, como convém a um
santo, você não veja bem algum em si, e tenha dificuldades de
sentir certeza de sua salvação, não temas. Saiba que aquele que
lhe conheceu desde antes da fundação do mundo, na eternidade, este
mesmo o glorificará, também na eternidade. De eternidade a
eternidade, se encontra o propósito de Deus na salvação do homem.
Aleluia!
Voltemos
agora à nossa questão primordial: como saber se o Espírito habita
em nós. Em primeiro lugar, como já expliquei, o fato de termos
dúvidas não é indício de que Ele não habite em nós. “Há
incredulidade até em nossa fé”, disse Spurgeon³. Tal qual a
nascente de um grande rio é tímida em meio a densas árvores, e do
alto talvez não a enxerguem, isso não é indício de que a nascente
e o rio não existam. Assim também, gradativamente, a obra do
Espírito Santo se fará conhecida em sua vida, mais rapidamente à
vista dos outros, talvez, do que à sua própria vista.
Jesus
disse “quem crer em mim
do seu interior fluirão”.
Sem dúvida, estas palavras do Mestre devem soar como alento, um
descanso para nós. E por quê? Pois ele afirmou, sem deixar sombra
de dúvida, de que o Espírito estaria presente na vida de todos
aqueles que cressem! Se você deseja saber se o Espírito habita em
você, se ele flui em sua vida, examine-se a si mesmo: você crê em
Jesus? Você entende, e confia na obra de redenção que Ele realizou
por você? Você sabe que não habita bem algum em você, e não
fosse pela graça de Deus você estaria perdido em seus próprios
pecados? Você, mesmo cheio de dúvidas e assombrado pelos seus
pecados, que lhe ferem e lhe fazem sentir o mais miserável dos
homens, mesmo assim, quando dobra-se diante do Pai sabe pedir perdão
e sua única garantia e confiança é a Cruz e o que ela representa?
Sim, meu irmão; se a sua resposta a isto é “sim”, então você
crê. E se você crê, você tem o Espírito Santo. São palavras de
Jesus, e não minhas.
Vale
aqui dizer, neste ponto, algumas palavras com respeito a um engano
comum nas igrejas de hoje, em especial nas carismáticas e
pentecostais. Reconheço o saldo positivo do movimento
pentecostal/carismático. Sou um de seus “filhos”. Creio na
atualidade dos dons do Espírito Santo. Entretanto, há um aspecto na
teologia pentecostal que traz um fardo desnecessário para muitos
crentes. Desnecessário e antibíblico. É uma tricotomização da
raça humana; Quando, na verdade, a Bíblia a divide em duas partes,
a saber, salvos e perdidos, eleitos e réprobos, os que tem fé para
salvação e os incrédulos, os que tem o Espírito Santo, e os que
não têm, os pentecostais insistem em dividir os homens em três
grupos, a saber, os não salvos, os crentes ainda não batizados com
o Espírito Santo e os crentes mais fortes, revestidos de poder, isto
é, os batizados com o Espírito Santo. Devo afirmar que a Escritura
não apoia tal distinção. Atente às palavras de Jesus hoje: “quem
crer”, ele disse. Quando você crê, o Espírito vem habitar em
você, e basta. Muitos por não falarem em novas línguas são como
que segregados em algumas igrejas. Vez ou outra referem-se a eles
como se lhes faltasse algo, quando não lhes falta nada! Não se
deixe levar por essa ilusão. As palavras de Jesus Cristo no último
dia da festa garantem a você, meu irmão: se você crê, você
possui o Espírito Santo habitando dentro de você. Dons são
acréscimos, não para todos. Uns tem um dom, outros tem outro dom.
Uns tem dons externalizáveis, outros não. Mas de todos,
garanto-lhe, fluirão rios de água viva!
Outro
aspecto que nos prova a presença do Espírito Santo em nós é sem
dúvida o fruto que esta presença produz. Vejamos o que disse o
Apóstolo Paulo a respeito deste assunto.
Mas o
fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão, temperança.
Gálatas
5:22 (ACF)
Amado irmão, queres ter prova inconteste da ação do Espírito em
sua vida? Pare agora e examina-te a ti mesmo. Busque em sua vida o
menor resquício da presença destes frutos. Busque, não uma
presença estática, mas algo dinâmico. Algo que vem se
desenvolvendo. Avalie-se você mesmo a alguns meses atrás. Avalie o
estado de sua alma durante este período. Houve crescimento?
Você ama mais? Sente uma necessidade de escolher fazer algo pelos
perdidos e necessitados deste mundo? Ainda que neste amor haja apatia
e falta de coragem para agir no começo, ou certa timidez. Este amor
existe? Existe, ainda, um amor por Deus como não havia dantes? Você
tem se inclinado e desejado conhecer mais a Deus, e à sua Palavra?
Tem buscado relacionamento mais profundo com o Pai? Tem buscado estar
mais longe do pecado, ainda que a presença dele o faça sentir-se
longe de Deus muitas vezes, e te leva a pensar que não amas a Deus?
Você sente uma nova alegria dentro de você? Mesmo na tempestade da
vida, quando por vezes seu barco aparenta estar indo a pique, quando
você peca e passa pela sua mente “agora foi o fim, não há mais
perdão para mim”, ainda assim há algo que te impele a buscar em
Deus o perdão e, confiando na obra da Cruz, feita por Cristo, você
enche-se de alegria por tê-lo recebido? Isso é para você a força
motriz para continuar a dura caminhada?
Mesmo sabedor de que em ti não habita bem algum, você sente paz
com Deus? Confia que Jesus Cristo lhe comprou esta paz com Seu
sangue, ao suportar sobre Si a ira divina, ira que era destinada a
nós? Esta paz que advém do perdão lhe impulsiona a ser alguém
mais longânimo, ou seja, perdoador, alguém que preza pela paz e boa
convivência, que suporta quieto os defeitos dos outros? Tens
percebido um desejo de ser bom com o próximo? Teu coração dói
mais quando sequer lhe passa pela cabeça a possibilidade de teres
ferido alguém?
Cristo é sua Rocha? Você confia nEle de todo seu coração? Confia
que não sendo você portador de bem algum, sua única esperança é
depositar nEle toda a esperança? Esta é sua fé? Centrada em
Cristo?
Tens percebido uma inclinação para mansidão no teu caráter?
Você, ainda que no íntimo, odeia contendas, brigas, rixas e
dissenções de qualquer tipo? Mesmo com suas falhas, percebe este
comportamento em seu ser?
A temperança, e o desejo por ela tem se tornado realidade em sua
vida? Tem buscado ser mais moderado em qualquer hábito? Tem lutado
contra sua própria carne para vencer os desejos perversos,
sensualidade, hábitos ruis, enfim, tudo o que é mau aos olhos do
Senhor?
Se estes frutos estão persentes em tua vida, meu irmão, tome por
certo que o Espírito está trabalhando em ti. Mas preciso te
alertar. Talvez você veja um ou outro fruto com certa dificuldade.
Talvez tenha ficado na dúvida ao responder sim. Mas saiba que a obra
do Espirito é gradual. O homem santificado tem sim dificuldades de
ver esta obra em si mesmo no início. Não se iluda de que por que
você falha em um destes pontos você não tem o Espírito. Não!
Posso te afirmar que feliz é aquele que sempre sabe que falha
constantemente em todos estes pontos! A questão não é se você é
completamente longânimo ou temperante, ou manso e fiel. Ninguém o
será até sermos glorificados. A questão é: a falta disso dói em
sua vida? Você luta para crescer em santidade? Percebe a ação do
Espírito em frutificar estas virtudes em ti ainda que de forma
tímida? Se a resposta a estas perguntas forem sim, então alegre-se
em ver que o Espírito está trabalhando em você.
- Que espécie de obra ele opera em nós?
“então ele [Deus] nos salvou – não porque fôssemos
suficientemente bons para sermos salvos, mas por causa da sua bondade
e compaixão, pelo lavar regenerador e renovador dos nossos pecados
por meio do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós com
maravilhosa abundância – e tudo por causa daquilo que Jesus
Cristo, nosso Salvador, fez, a fim de que ele nos pudesse declarar
justos aos olhos de Deus – tudo por causa da sua grande graça,
tornando-nos seus herdeiros. E agora podemos participar da esperança
da vida eterna que ele nos dá.”
Tito
3:5-7 (Nova Bíblia Viva)
Lavar regenerador e renovador do Espírito Santo. Estas palavras
resumem a resposta ao questionamento em questão: “Que espécie de
obra o Espírito Santo opera em cada pequenino cristão?” Mais uma
vez sendo representado figurativamente como água, nos é dito que o
Espírito Santo nos lava. E esse lavar produz em nós dois
resultados, a saber, a regeneração e renovação
interior.
Antes de ser chamado eficazmente pelo Espírito Santo, o crente era
alguém cego, miserável, caminhando sem aviso para um abismo sem
fim, tendo vendada sua visão, para que não visse, e sua audição,
para que não ouvisse. Morto em seus pecados, imerso em iniquidade.
Abertamente em oposição a Deus e a Seu Cristo. Merecedor de justa
condenação. Sem conhecimento de Deus ou vontade de segui-lo, sequer
se dava conta de sua pecaminosidade.
Todo este terrível quadro é transformado por completo quando o
Espírito Santo vem habitar nesta pessoa. De imediato, e
sobrenaturalmente, este ser totalmente averso a Deus e amante de seus
pecados, agora é regenerado. Esta palavra quer dizer “gerado
novamente” ou “nascido de novo”. Agora, conforme a vontade de
Deus, este homem nasce espiritualmente. Onde havia o silêncio de
indiferença, pois não havia vida, agora há choro de
arrependimento, pois não há mais morte, e sim vida, e vida em
abundância. Uma dor imensa pelo seu pecado é gerada nele. A urgente
necessidade de um Salvador fica para ele evidente. Não lhe resta
opção nenhuma a não ser render-se aos pés de Cristo, depositar
nEle suas esperanças de salvação, ter fé. De um ser avesso a
Deus, opositor e em constante rebeldia a Ele, passamos a correr a
Seus pés em busca de perdão e reconciliação, confiando não em
nós, pois sabemos que bem nenhum habita em nosso ser, mas confiando
sempre no Autor e Consumador da nossa fé, Cristo Jesus, verdadeiro
Deus e verdadeiro homem, Sumo sacerdote eterno, tendo feito
sacrifício suficiente para lançar longe nossos pecados. Isto é ser
regenerado. É o começo da obra do Espírito Santo em nós.
A regeneração é a maior obra, ou milagre, que Deus, através do
Espírito Santo, pode operar na vida de um ser humano. Nos foi dito,
através da exposição da Palavra, que Deus nos dá esta benção
graciosamente, sem haver nenhum merecimento ou obra de justiça que
creditasse mérito em nosso favor. É o gatilho inicial da Salvação
do homem. É quando Deus opera o “querer”. É também quando Ele
“começa a boa obra”, ou ainda quando age como “Autor” da
nossa fé. E, de tudo isso, podemos dizer que nossa Salvação será
completada quando ele operar o “efetuar”, “terminar a boa obra”
e tornar-se o “Consumador” da fé. Grande é esta esperança.
Louvado seja Jesus Cristo por tão grande Salvação! (Filipenses
2:13, 1:6 e Hebreus 12:2).
Outrossim, também nos é dito que o Espírito Santo renova
nosso ser. Após nos regenerar, e até que Cristo venha, o Espírito
tem trabalhado em cada servo de Cristo. Diariamente, ele nos renova,
isto é, nos capacita a obedecer a Lei de Deus. Hoje, neste exato
momento, o Espírito Santo está trabalhando em cada cristão
verdadeiro a fim de o santificar, a fim de fazer com que Cristo
cresça em sua vida, e ele diminua. Diariamente somos levados ao
arrependimento, cada dia mais profundo. Constantemente somos levados
a buscar conformar nossos hábitos com Jesus, a andar como Ele andou.
Sim, falhamos, mas o poder de Deus se aperfeiçoa em nossas
fraquezas!
Ah leitor, cuide para que seu coração não venha crer que algo
seja maior do que este milagre, o renovo do Espírito. Curas,
livramentos, ressurreição de mortos, dons, e tudo mais que Deus
possa fazer e operar em meio a seu povo, tudo isso não se compara ao
milagre diário que se dá em nós: a santificação de um pecador.
Busque esse milagre cada dia, não descanse enquanto ele não
começar a ser visível, e continue a lutar até o dia de Cristo. Não
se engane. Nós cooperamos com Deus em nossa santificação.
Justificação é um ato de Deus, onde Ele nos declara justos por
causa do que Cristo fez na Cruz. Santificação é um ato de Deus,
evidente, porém, ele alegra-se que seus filhos esforcem-se para
obtê-las. “Portanto, meus amados, como sempre tendes obedecido,
não só na minha presença, mas também particularmente agora na
minha ausência, operai a vossa salvação com
temor e tremor, pois é Deus quem opera em vós o querer e o operar,
segundo a sua vontade.” (Bíblia de Jerusalém – grifo meu).
Não permita que a apatia tome conta de si, ou espere que seus
pecados desapareçam espontaneamente. Atue com Deus em sua
santificação.
Existem ainda dois elementos, dua graças, por assim dizer, que
precisam ser postas em exercício em nossas vidas, e são resultado
inerente do lavar regenerador e renovador do Espírito Santo:
arrependimento e fé.
Arrependimento é profunda tristeza e contrição de coração pela
sua pecaminosidade e/ou pecado particular. O arrependimento deve nos
tornar a Deus, humilhados, crendo que dEle, por Cristo, receberemos
perdão. Precisamos crescer em arrependimento diariamente, estando
cada vez mais cônscios de nossa pecaminosidade. Duvide de seu
cristianismo o dia em que você não enxergar com facilidade a
indignidade e podridão que é inata ao seu ser. Quanto mais perto
estamos de Deus, e quanto mais o conhecemos, maior torna-se nosso
arrependimento, ou seja, mais conscientes somos de quão merecedores
da ira éramos, e de quão grande obra Cristo operou por nós.
Fé é a confiança em Cristo e em sua obra redentora. Deus, em sua
graça, dotou seus eleitos com fé para a Salvação. A fé é uma
graça que admite crescimento. Busque a cada dia crescer em fé,
confiar e depender de Cristo cada vez mais, em cada aspecto, por
menor que seja, do seu viver. Dependa de Cristo, confie em Cristo,
entregue todas as suas fraquezas e dificuldades a Cristo, Não aja
como incrédulos, confiando na força de seu braço. Não tente
vencer o pecado sem Cristo. Não tente prosseguir em sua caminhada
sem Cristo. Deixe Cristo ser tudo em sua vida.
- Como posso receber estes rios dentro de mim?
Esta é, para alguns, a parte mais importante de todo este texto.
Talvez você tenha lido tudo até aqui de maneira passiva, sabendo de
que nada disso é verdade em sua vida. “Coisa de crente”, você
deve ter pensado. Entretanto, em meio a todas estas palavras sobre
santificação, sobre a obra do Espírito, a esperança da Cruz,
salvação e arrependimento, algo acendeu dentro de você.
Talvez, você começou a sentir a necessidade de perdão. Começou a
avaliar seus hábitos e percebeu que eles não se encontravam em
conformidade com os frutos do Espírito, mencionados acima no texto.
Você começou a ter consciência de seus pecados, e também da falta
que você tem. Você não tem estes rios fluindo dentro de você,
concluiu. Se este é o seu caso, é a você que minha atenção e
esforços se voltam neste momento. Não ache que foi em vão tudo o
que leu ou sentiu até agora.
Quer saber como você faz para possuir o Espírito Santo em sua
vida? Como fazer com que Ele faça morada em seu ser? Voltemos às
palavras de Jesus na festa dos tabernáculos. Lembre-se, ele
intencionava atingir pessoas como você, conscientes do deserto
espiritual em que se encontram.
Se
alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
João
7:37 (ARA)
Quem crer, Jesus disse. Essa é a única esperança de um pecador
desesperado pelo seus pecados: crer em Jesus. Alguns afirmam que não
conseguem crer. Pois eu afirmo que isto é loucura. A única coisa
que alguém fatigado pelo cansaço consegue fazer é descansar! Assim
mesmo, ó pecador, apenas creia e descanse em Cristo! Reconhece seu
pecado? Confie na obra que Jesus realizou. Tenha em mente o que esta
obra fez, de modo claro:
Mas ele foi traspassado pelas
nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade
de nós todos. (...) Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o
enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a
sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR
prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de
sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu
conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles
levará sobre si.
Isaías
53:5-6, 10-11 (ARA)
“as iniqüidades deles levará sobre si”. Nos é dito
aqui com toda clareza o que Jesus Cristo realizou na Cruz: ele
retirou a culpa dos nossos pecados. E como? Lá na Cruz, o próprio
Pai o feriu, despejando nEle o cálice de Sua ira. Toda a ira de Deus
pelos nossos pecados, que levaríamos a eternidade suportando, Cristo
a levou ali, em apenas alguns momentos. Não é de se espantar que
ele, no Getsêmani tenha exclamado “se possível afasta de mim este
cálice”, pois sabia que suportaria uma ira de magnitude infinita.
Desta forma, maravilhosamente, quem crê em Jesus está unido a Ele,
e os seus pecados não são mais levados em conta. O perdão foi
comprado na Cruz por você. Creia, somente, e comece a viver uma vida
com Cristo, e, como disse Jesus no último dia da festa, do seu
interior fluirão rios de água viva!
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