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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Teologia é Vaidade?

As pessoas acham que podem ler a Bíblia sem o menor auxílio teológico. Chamam a teologia de dispensável, vaidade, enfim, um número incontável de termos injustos e equivocados. Isso seria afirmar que podemos ler o documento que descreve o projeto de um automóvel sem qualquer auxílio dos conhecimentos de Engenharia, Física, Mecânica e outras ciências. São aversos a qualquer tipo de polêmica, contestação ou discussão teológica. Também não lembram que se hoje temos uma sistematização consistente da doutrina da Santíssima Trindade, isso foi somente pois a Igreja debateu, discutiu, e teorizou sobre isso por 400 longos anos![1]

Entendam que a teologia é um auxílio indispensável para quem quer se aprofundar no texto sagrado, ou mesmo para o crente comum. "Mas o crente comum não vai para o seminário, afirmariam alguns". É bem verdade que não, por isso o ensino e tutela da Igreja Local são importantes, e ainda mais o é a apresentação de regras básicas de interpretação de texto. Isso, se feito diligentemente, ainda torna as pessoas mais cultas e aptas a dominar não só o texto sagrado, mas qualquer outra literatura com o tempo.

Ocorre é que vivemos numa época de muita violência aos textos sagrados. Pessoas sobem ao púlpito dizendo que "Deus lhes revelou uma nova visão sobre o texto 'x'". E assim, apresentam sua interpretação, desprovida de qualquer lógica, ou sequer sem uma mínima análise histórica. Perguntam-se, acaso "alguém leu este texto assim nos dois mil anos de história cristã atrás de mim"? Não, não perguntam. Por isso o distanciamento da Igreja Evangélica hoje da Reforma Protestante. Como afirmo a alguns amigos não-evangélicos, afirmarei aqui: o que se chama "evangélico" hoje, dificilmente pode se considerar relacionado logica e consistentemente com o que pensavam Calvino, Lutero e tantos outros santos de Deus do passado.

Afirmo, sem titubear, que não precisamos conhecer a Escrituras hoje. Muitos são os crentes que lêem e relêem o texto sagrados de capa à capa. O que precisamos é reaprender do ZERO à interpretá-lo. Ler as Escrituras não é abrir aleatoriamente num texto e achar que DeUs está falando com você e aplicar de uma maneira totalmente errada e enganosa o referido texto. Não! Isto não é Ler as Escrituras, isto é vidência, prática condenável por elas.

Voltemos às Escrituras. Reaprendamos a interpretá-las. Leiamos sim, textos de outros homens de Deus. Não como tendo a mesma autoridade, mas como muletas, auxílios que apontam o certo caminho.

Paz!


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[1] A Santíssima Trindade foi formalmente definida pela Igreja em seu concílio ecumênico de Nicéia, no qual a Igreja opôs-se à heresia ariana sobre a divindade de Cristo. Deste concílio, surge um dos documentos mais importantes para a Igreja hoje, o Credo Niceno: 

"Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, o Criador do céu e da terra, das coisas visíveis e invisíveis. E em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Unigênito de Deus o Pai, o Unigênito, que é da essência do Pai. Deus de Deus, Luz de Deus, Luz verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado e não feito; da natureza mesma do Pai, por quem todas as coisas vieram a existir, no céu e na terra, visíveis e invisíveis. Quem de nós a humanidade e para nossa salvação desceu dos céus, se encarnou, foi feito humano, nasceu perfeitamente da Virgem Maria pelo Espírito Santo.

Por quem Ele tomou corpo, alma e mente, e tudo o que está no homem, verdadeiramente e não na aparência. Ele sofreu, foi crucificado, foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu com o mesmo corpo, [e] se sentou à direita do Pai. Ele está para vir com o mesmo corpo e com a glória do Pai, para julgar os vivos e os mortos; do Seu reino não tem fim. Acreditamos no Espírito Santo, no incriado e perfeito, que falou através da Lei, os profetas, e os Evangelhos; que desceu sobre a Jordânia, pregado pelos apóstolos, e viveu nos santos. Acreditamos também em apenas um, Universal, Apostólica, e [Santo] Igreja e, em um batismo de arrependimento, para remissão e perdão dos pecados e na ressurreição dos mortos, no julgamento eterno das almas e corpos, e o Reino dos Céus e na vida eterna.
"

2 comentários:

  1. A teologia é algo infantil e dispensável. Só é bom estudar para conhecer o que os homens pensam. O gostoso mesmo é ler a Palavra do que jeito que está ali, escrita em português caro sem procurar explicar o inexplicável. A teologia com suas loucuras e contestações e longos debates acadêmicos tem feito muitos perderem tempo com discussões inúteis. Uma delas é a predestinação e o livre-arbítrio que até hoje Arminianismo e Calvinismo não chegaram a um consenso. E porque não chegaram? Porque querem explicar o inexplicável!
    Para finalizar, descrevo aqui o conselho de Caio Fábio sobre a teologia que diz: "não há Teologia que não seja um sistema; um ismo; e que não se fundamente em dogmas, que são ismos; e que não ensine doutrinas que não sejam ismos também...

    Meu conselho sincero e despudorado a você é simples:

    Pare com esse negócio de conhecer Teologia e apenas entre de cabeça no Novo Testamento, você mesmo.

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  2. Josiane,

    Você diz "Só é bom estudar para conhecer o que os homens pensam". Bom, teologia quer dizer estudo a respeito de Deus. Estudamo-la para saber o que Deus pensa, pura e simplesmente. Existem dois mil anos de história cristã e se quisermos entender realmente e fielmente as Escrituras temos que procurar entender como a Igreja a viu e a leu durante os séculos precedentes.

    Você diz "escrita em português caro sem procurar explicar o inexplicável". Acho que você desconhece o trabalho de se fazer uma tradução. Quem quiser fazer uma, segundo você mesma diz, terá que estudar muito coisas "infantis e dispensáveis, apenas para saber os que os homens pensam".

    E continua "A teologia com suas loucuras e contestações e longos debates acadêmicos tem feito muitos perderem tempo com discussões inúteis." Bom, aqui você parece ignorar o que eu mesmo exemplifiquei no texto a respeito de doutrinas fundamentais à fé como a doutrina da Trindade. 4 séculos foram necessários e muitas discussões inúteis para a igreja chegar a uma sistematização fiél a respeito da deidade de Cristo, da Trindade e outras "efemeridades" mais. Aliás, vale lembrar, Josiane, que, embora não tão grande quanto o debate Calvinismo X Arminianismo, o debate sobre Trindade existe ainda hoje. Só porque ele ainda existe vamos negar que precisamos entender esta doutrina conforme as Escrituras nos revelam?

    Ainda, você afirma "E porque não chegaram? Porque querem explicar o inexplicável!" Bom, não chegamos por causa do pecado humano. Tal como ainda não são 100% dos cristãos que creem na Trindade. Aliás, Josiane, nem são 100% dos cristãos que creem na divindade de Cristo. Você vai deixar isso de lado também?

    Sobre o conselho de Caio Fábio, realmente, teologia são 'ismos' e ensinos sistematizados. Ele está certíssimo. O erro dele é desvalorizar essa tradição tão importante. Chama-se altivez, o achar que você pode, sozinho, entender a doutrina que levamos séculos para sistematizar.

    Quanto à sua última afirmação "Pare com esse negócio de conhecer Teologia e apenas entre de cabeça no Novo Testamento, você mesmo" pense nas consequências lógicas do que você está dizendo. VocÊ não sabe nada sobre Deus e seu ensino, entra no Novo Testamento achando que sozinha vai descobrir tudo. Ok, supondo ser isso possível, o que você está advogando, se sua frase for levada às últimas consequências racionais, é que todo cristão deverá ter este trabalho todo novamente, mesmo se ele souber que você já adiquiriu certo conhecimento, ele não deverá buscar auxílio em você, tampouco você não ouse ensiná-lo; deixe-o "mergulhar" por si próprio. Aliás, usando uma analogia, é como se você enviasse alguém que não sabe nada para mergulhar em alto mar. Difícil, não é mesmo? Ocorre, Josiane, que longe de ser vaidade ou perda de tempo, o estudo de teologia é basicamente isso, se deixar ser ensinado por quem aprendeu antes de nós, e estes, com que aprenderam antes, e antes, antes, numa linha ininterrupta chegando aos apóstolos e a Cristo.

    Paz.

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