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sábado, 8 de junho de 2013

Seja feita a Tua vontade, e não a minha

Levados pelos ensinos da teologia de Confissão Positiva, muitos assim chamados Cristãos de hoje esqueceram-se completamente o real significado da oração, e mesmo do uso do nome de Jesus. A maioria destes Cristãos aprendem que eles tem algum poder em suas palavras, e que eles podem criar realidades materiais simplesmente por declarar com suas bocas o que eles desejam. Isso criou nas mentes de muitos a ideia de que nós não mais pedimos, mas declaramos e, pelo poder mágico do nome de Jesus, aquilo que desejamos acontece. Alguns, por outro lado, ainda pedem, clamam e imploram ao Senhor, mas, como os outros, eles também foram seduzidos pela Confissão Positiva e, quando oram pedindo algo ao Senhor, eles enchem a si mesmos de uma certeza de que tal oração será respondida e o que eles pediram em nome de Jesus se tornará realidade. Eles creem que, como Deus é um Deus tremendo e grande, Ele, portanto, fará o milagre acontecer.

O que eles não notam é que muitas vezes Deus não responde às nossas orações bem como não opera o milagre ou o que quer que a Ele tenhamos pedido. Seriam estes crentes honestos com sua teologia e diriam que Deus não é o Todo-Poderoso? Certamente que não. E assim estas pessoas vão vivendo, sempre pedindo e, por muitas vezes, sendo frustradas. Mas, de fato, é verdade que aquele que sabe como orar jamais será frustrado. Ele pode ser contrariado, mas nunca frustrado. Talvez você possa se perguntar o porquê. E eis aqui o motivo: ele jamais será frustrado pois ele pede como Jesus pediu. Pois lemos que Jesus Cristo, sendo Deus, orou assim “Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” (Lucas 22:42).

Uma pausa faço. A você que lê o que escrevo, algo deve ser dito: este assunto é, de fato, polêmico. Toca na fé íntima de uma infinidade de pessoas sinceras. Salomão, o sábio, porém disse “leais são as feridas feita por um amigo”. Devemos entender que o que está sendo dito aqui, por mais que lhe fira, está sendo dito para seu crescimento, e para o seu bem. Pois alguns desvios são sutis, sim, mas perigosos. E creio que a doutrina da oração deve estar bem clara no coração de todo Cristão sincero. E as consequências desta teologia errada que agora exponho colocam você invariavelmente em uma situação nada agradável com Deus. É um pecado gravíssimo quando o homem torna-se senhor de sua vontade. Ainda que sem intenção, o pecado é pecado. E precisa ser exposto. Toda a vida cristã resume-se a submetermo-nos aos padrões e vontade de Deus. Quando decretamos, declaramos e proferimos palavras de ordem esperando que Deus nos conceda o que queremos apenas por que pedimos em nome de Jesus estamos nos gloriando diante de Deus por algo que não somos e, evidentemente, estamos negando sua grande e maravilhosa graça, sem a qual nada nos é oferecido.

Voltemos, agora, ao ponto central onde paramos. Temos a oração de Jesus Cristo como modelo. O que há, porém, de tão especial em tal oração? E a resposta é que Jesus, surpreendemente, submeteu sua vontade a Deus. Ele humilhou a si mesmo. Como homem que era, nosso Senhor certamente sentiu profundo terror pelo que estava por vir. Ele sabia que ali, na cruz, enfrentaria a ira de Deus Todo-Poderoso pelos pecados de Seu povo contra si mesmo; toda ela. Nem uma gota ficaria de fora. A ira que levaríamos uma eternidade pagando, pois somos criaturas, nosso Criador a suportou como um peso enorme, em um curto espaço de tempo. Jesus, certamente, não o faria se pudesse. Contudo, podemos dizer que a oração dele certamente foi respondida. Mas sua vontade não foi feita. Sua oração foi respondida pois ele humildemente sujeitou-se a vontade do Pai. Confiou infinitamente na Sua sabedoria e bondade. Jesus sabia que, por mais doloroso o que estava por vir fosse, era o propósito de Deus. E Seus propósitos e vontades são bons, invariavelmente, pois a bondade procede dEle, apenas.

Em nossa vida diária enfrentamos diversidade de situações que seriam impossíveis de enumerar num texto como esse. Dificuldades, afrontas, dores, doenças incuráveis, sofrimento, perdas. Sem dúvida, quando tais situações se apresentram diante nós corremos para o Senhor e pedimos que Ele afaste de nós o cálice, aqui, simbolizando o problema que enfrentamos. É necessário que tenhamos em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus: submissão. Embora toda dor que possamos sentir, por vezes a cura ou o livramento não vem. Por vezes apraz a Deus nos manter entre espinhos e inimigos ferozes. E o motivo? Bom, vários podem ser, contudo, de uma coisa temos certeza: Seu nome será glorificado. E nisso devemos nos alegrar. E com esta certeza e disposição interior suportaremos o que nos é dado, confiando que isso produzirá peso de glória na eternidade (2 Coríntios 4:17). Oremos sim, sempre, pela cura dos enfermos, por exemplo, sejam eles nós mesmos ou alguém querido. Oremos pela liberdade dos que estão cativos, pela alegria dos que sofrem e pelo consolo dos abatidos. Contudo, saibamos que a vontade de Deus vem primeiro. E a vontade dele nem sempre é a nossa.

Você está pronto para humilhar a si mesmo, negar seus desejos, mesmo que sejam bons e não maus, e apenas mudar suas orações? Estamos prontos para pedir o que desejamos e, ao fim, humildemente dizermos “não a minha vontade, mas a tua seja feita”? Quando assim o fizermos eu asseguro que jamais seremos frustrados, pois a vontade de Deus sempre prevalecerá, mesmo que nós peçamos o oposto.


Certamente, todos nós precisamos mesmo que um pouco o corrigir nossas orações. Mesmo naquilo que estamos certos saber qual é a vontade de Deus. Estamos enfrentando um vício ou um forte pecado que sempre nos açoita em segredo? Estamos tentando lutar contra este pecado e pedindo ao Senhor  que nos livre destes desejos maus? Você já parou para pensar que Ele pode não nos libertar? Deus pode fazer um filho permanecer em água morna ao invés de lhe dar segurança ou liberdade de tais pecados por completo. Embora eu pense que não é este o caso para a maioria dos Cristãos, há casos em que tal coisa acontece. Você está pronto a enfrentar um inimigo insolente por amor a Cristo e dizer “não a minha vontade, mas a tua seja feita”?

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