Levados pelos ensinos da teologia de Confissão
Positiva, muitos assim chamados Cristãos de hoje esqueceram-se completamente o
real significado da oração, e mesmo do uso do nome de Jesus. A maioria destes
Cristãos aprendem que eles tem algum poder em suas palavras, e que eles podem
criar realidades materiais simplesmente por declarar com suas bocas o que eles
desejam. Isso criou nas mentes de muitos a ideia de que nós não mais pedimos,
mas declaramos e, pelo poder mágico do nome de Jesus, aquilo que desejamos
acontece. Alguns, por outro lado, ainda pedem, clamam e imploram ao Senhor,
mas, como os outros, eles também foram seduzidos pela Confissão Positiva e,
quando oram pedindo algo ao Senhor, eles enchem a si mesmos de uma certeza de
que tal oração será respondida e o que eles pediram em nome de Jesus se tornará
realidade. Eles creem que, como Deus é um Deus tremendo e grande, Ele,
portanto, fará o milagre acontecer.
O
que eles não notam é que muitas vezes Deus não responde às nossas orações bem
como não opera o milagre ou o que quer que a Ele tenhamos pedido. Seriam estes
crentes honestos com sua teologia e diriam que Deus não é o Todo-Poderoso?
Certamente que não. E assim estas pessoas vão vivendo, sempre pedindo e, por
muitas vezes, sendo frustradas. Mas, de fato, é verdade que aquele que sabe
como orar jamais será frustrado. Ele pode ser contrariado, mas nunca frustrado.
Talvez você possa se perguntar o porquê. E eis aqui o motivo: ele jamais será
frustrado pois ele pede como Jesus pediu. Pois lemos que Jesus Cristo, sendo
Deus, orou assim “Pai, se queres, passa
de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.” (Lucas
22:42).
Uma
pausa faço. A você que lê o que escrevo, algo deve ser dito: este assunto é, de
fato, polêmico. Toca na fé íntima de uma infinidade de pessoas sinceras.
Salomão, o sábio, porém disse “leais são as feridas feita por um amigo”.
Devemos entender que o que está sendo dito aqui, por mais que lhe fira, está
sendo dito para seu crescimento, e para o seu bem. Pois alguns desvios são
sutis, sim, mas perigosos. E creio que a doutrina da oração deve estar bem
clara no coração de todo Cristão sincero. E as consequências desta teologia
errada que agora exponho colocam você invariavelmente em uma situação nada
agradável com Deus. É um pecado gravíssimo quando o homem torna-se senhor de
sua vontade. Ainda que sem intenção, o pecado é pecado. E precisa ser exposto.
Toda a vida cristã resume-se a submetermo-nos aos padrões e vontade de Deus.
Quando decretamos, declaramos e proferimos palavras de ordem esperando que Deus
nos conceda o que queremos apenas por que pedimos em nome de Jesus estamos nos
gloriando diante de Deus por algo que não somos e, evidentemente, estamos
negando sua grande e maravilhosa graça, sem a qual nada nos é oferecido.
Voltemos,
agora, ao ponto central onde paramos. Temos a oração de Jesus Cristo como
modelo. O que há, porém, de tão especial em tal oração? E a resposta é que
Jesus, surpreendemente, submeteu sua vontade a Deus. Ele humilhou a si mesmo.
Como homem que era, nosso Senhor certamente sentiu profundo terror pelo que
estava por vir. Ele sabia que ali, na cruz, enfrentaria a ira de Deus
Todo-Poderoso pelos pecados de Seu povo contra si mesmo; toda ela. Nem uma gota
ficaria de fora. A ira que levaríamos uma eternidade pagando, pois somos
criaturas, nosso Criador a suportou como um peso enorme, em um curto espaço de
tempo. Jesus, certamente, não o faria se pudesse. Contudo, podemos dizer que a
oração dele certamente foi respondida. Mas sua vontade não foi feita. Sua
oração foi respondida pois ele humildemente sujeitou-se a vontade do Pai.
Confiou infinitamente na Sua sabedoria e bondade. Jesus sabia que, por mais
doloroso o que estava por vir fosse, era o propósito de Deus. E Seus propósitos
e vontades são bons, invariavelmente, pois a bondade procede dEle, apenas.
Em
nossa vida diária enfrentamos diversidade de situações que seriam impossíveis
de enumerar num texto como esse. Dificuldades, afrontas, dores, doenças
incuráveis, sofrimento, perdas. Sem dúvida, quando tais situações se
apresentram diante nós corremos para o Senhor e pedimos que Ele afaste de nós o
cálice, aqui, simbolizando o problema que enfrentamos. É necessário que
tenhamos em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus: submissão. Embora
toda dor que possamos sentir, por vezes a cura ou o livramento não vem. Por
vezes apraz a Deus nos manter entre espinhos e inimigos ferozes. E o motivo?
Bom, vários podem ser, contudo, de uma coisa temos certeza: Seu nome será
glorificado. E nisso devemos nos alegrar. E com esta certeza e disposição
interior suportaremos o que nos é dado, confiando que isso produzirá peso de
glória na eternidade (2 Coríntios 4:17). Oremos sim, sempre, pela cura dos
enfermos, por exemplo, sejam eles nós mesmos ou alguém querido. Oremos pela
liberdade dos que estão cativos, pela alegria dos que sofrem e pelo consolo dos
abatidos. Contudo, saibamos que a vontade de Deus vem primeiro. E a vontade
dele nem sempre é a nossa.
Você
está pronto para humilhar a si mesmo, negar seus desejos, mesmo que sejam bons
e não maus, e apenas mudar suas orações? Estamos prontos para pedir o que
desejamos e, ao fim, humildemente dizermos “não a minha vontade, mas a tua seja
feita”? Quando assim o fizermos eu asseguro que jamais seremos frustrados, pois
a vontade de Deus sempre prevalecerá, mesmo que nós peçamos o oposto.
Certamente,
todos nós precisamos mesmo que um pouco o corrigir nossas orações. Mesmo naquilo
que estamos certos saber qual é a vontade de Deus. Estamos enfrentando um vício
ou um forte pecado que sempre nos açoita em segredo? Estamos tentando lutar
contra este pecado e pedindo ao Senhor que
nos livre destes desejos maus? Você já parou para pensar que Ele pode não nos
libertar? Deus pode fazer um filho permanecer em água morna ao invés de lhe dar
segurança ou liberdade de tais pecados por completo. Embora eu pense que não é
este o caso para a maioria dos Cristãos, há casos em que tal coisa acontece.
Você está pronto a enfrentar um inimigo insolente por amor a Cristo e dizer “não
a minha vontade, mas a tua seja feita”?
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